quarta-feira, 16 de março de 2011

Design day...

Ontem, em uma louvavel iniciativa da ouvidor interiores, tivemos uma tarde de palestra seguida de debate e brindes... Normal pra nossas vidas? quase...



"o povinho da arquitetura", como diz meu amigo querido da moda Felipe Naur (Qjo), geralmente se encontra para ver novas coleções e conversar amenidades, mas ontem nossas mentes estavam em polvorosa depois do debate e os assuntos regados a champagne eram arquitetura, design, mercado, comportamento etc.. lindo isso!!

Estavamos inquietos porque durante o debate ouvimos absurdos, que passado o calor do momento (eu diria frio, pois estava me tremendo debaixo de 40mil btus), considerei essencial pois foi uma cutucada que nos instigou....
Um dos colegas presentes tomou o microfone para dizer, em outras palavras, que a cena da arquitetura e design em Fortaleza não acompanha o desenvolvimento do mercado nacional no mesmo passo porque o consumidor cearense é um ignorante nato!!! Ela se desvalorizou, me desvalorizou, devalorizou minha familia e meus amigos.

Ainda levantei e meio nervosa tentei falar alguma coisa em defesa dos meus colegas, dos meus clientes, da minha cidade, mas enfim...
O que eu queria abordar neste "humilde post" é minha opinião como jovem arquiteta.

São Paulo e Rio são sem dúvida, as capitais que mais se destacam no pais, as maiores empresas vão pra lá, os shows as exposições... As maiores riquezas econônicas estão por lá - eu disse econônicas.
Riqueza cultural é relativa, e na minha opinião, temos muita!
O que faz nossos projetos melhores, é nossa atitude e não é o quanto o cliente tem pra gastar. A tarde inteira de debate, que deveria ser sobre informação, tendencias e design, girou em torno de adivinhem?!?! Dinheiro!!!

Então falemos sobre ele...
Minha origem é muito humilde, meu pai é um fugitivo da seca que veio a capital ainda criança morar de favor em casa de parentes. Sem estudo, no braço, lutou por cada centavo, fez patrimônio e nos deu tudo (leia-se boa educação). Assim como meu pai, são milhares de cearenses, a grande maioria das nossas fortunas foram construídas e não herdadas, como acontece no eixo rio-sampa.
É claro que a relação com o dinheiro aqui é diferente.. e isso não só é pra ser entendido como é pra ser
respeitado!!!

Arquitetura, moda, moveis de design são vertentes da arte e arte se consome pela emoção. Por tudo nos realiza, pagamos o preço que for...
Eu não posso querer que uma laca resinada amarelo ovo (que me encanta porque lembra um scarpin que eu tinha na espanha) toque uma pessoa como meu pai. Pra emocionar ele teria que ser algo com um bom trabalho em couro, uma amarração, um encaixe inteligente...

E assim são as pessoas, todas diferentes... esse exemplo é pra mostrar que com sensibilidade, apresentamos, explicamos e não simplesmente impomos objetos. Podemos dar a oportunidade aos nossos clientes de ter em casa bens de consumo duraveis, com desenho qualidade, que casam referencias, que eles gostam e nem sabiam que existiam. Isso não é bacana? E acreditem... do que realmente se gosta, não se enjoa - independente de cor.
Consumir com consciência é até ecológico, resulta em menos descartes a curto e medio prazo... "menos efeito dominó de lixo" (isso eu acabei de inventar e um dia explico).

O que eu acho que falta de verdade entre profissionais e clientes é dialogo.
Aliás, diálogo ta faltando pra tudo - até entre nós arquitetos.
A palestra de ontem (I love you Mariana), nos provou isso... Vamos conversar! =)

Ah, a loja está linda... visitem!!

5 comentários:

  1. Brenda,

    Massa você expor sua opinião. É fato que não podemos negar o poder mercadológico numa sociedade ocidental capitalista, mas nem de longe este deve ser a mola mestra da questão, principalmente no que diz respeito ao trabalho com vertente artística.

    Sem medo de ser piegas, romântico ou algo do gênero, digo: seja na moda, arquitetura ou design, o consumo [dinheiro] é parte do processo e não o todo.

    Cheiro e bjo

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  2. Olá, Brenda. Adorei seu blog e curti muito ler aqui seu ponto de vista do encontro da Ouvidor. Gostaria de convidá-la para ler o post que escrevi no Ouvidoria, e a assinar o blog, onde inclusive lhe citei. (http://lojaouvidor.wordpress.com)
    Um abraço!

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  3. É fundamental que nosso trabalho seja guiado pela emoção, e não como as regras impostas, a tendência, o preto-no-branco. Esperava respostas mais convenientes dos profissionais que atuam há bastante tempo na cena local. Enfim, sua defesa foi o momento feliz do debate. =)

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  4. O jeito é nós,os jovens profissionais,nos dedicarmos a mudar o pensamento dominante deste mercado tão grande e ao mesmo tempo tão pequeno!

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